Escritor e jornalista português, natural de Coimbra, nasceu a 1 de Fevereiro de 1937 e faleceu a 30 de Novembro de 1995. Licenciado em Filologia Germânica, esteve ligado aos grupos teatrais académicos durante os seus estudos universitários, em Coimbra. Após um período de mobilização na guerra colonial, em Angola, enveredou pelo jornalismo, estreando-se no Diário de Lisboa, em 1965. Colaborou em publicações literárias e em vários jornais, como o República, O Jornal, o Se7e, o Jornal de Letras (de que também foi redactor). Era, à altura da sua morte, redactor da Visão.
Participou, ainda, em programas de rádio e televisão, foi autor de poemas musicados por compositores portugueses e de textos e diálogos para documentários e filmes.
Como escritor, Assis Pacheco não esteve ligado a qualquer escola literária. Os seus textos, ao mesmo tempo que reflectem um esforço de pesquisa e experimentalismo na língua portuguesa, são fortemente marcados por uma intenção de crítica social e pela experiência da guerra colonial portuguesa. Por diversas vezes tentou iludir a censura, nomeadamente alterando os títulos dos seus livros.
Estreou-se com o volume de poesia Cuidar dos Vivos (1963), publicou, durante muito tempo, pequenas tiragens em edição de autor, o que não impediu a imposição do seu nome na moderna literatura portuguesa. Na ficção em prosa, foi autor de Walt (1978) e do romance Paixões e Trabalhos de Benito Prada (1993). Traduziu para português obras de Pablo Neruda e Gabriel García Márquez.
Juntei-me um dia à flor da mocidade
partindo para Angola no Niassa
a defender eu já não sei se a raça
se as roças de café da cristandade
a minha geração tinha a idade
das grandes ilusões sempre fatais
que não chegam aos anos principais
por defeito da própria ingenuidade
a guerra era uma coisa mais a Norte
de onde ela voltaria havendo sorte
à mesma e ancestral tranquilidade
azar de uns quantos se pagaram porte
esses a que atirou a dura morte
diz-se que estão na terra da verdade
in Respiração Assistida
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