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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Como, quando e porquê: as estratégias dos especialistas para pôr as crianças a ler

A leitura é importante para o desenvolvimento das crianças?
Sem dúvida. É um pilar essencial da aprendizagem ao longo de toda a vida. Se o aperfeiçoamento da “competência de leitura” cabe à escola, defende a psicóloga educacional Isabel Festas, a construção do “prazer da leitura” compete aos pais. “Na vida, têm mais sucesso os que lêem mais, por gosto ou com objectivos específicos”, assegura outra psicóloga educacional, Dulce Gonçalves. O psicólogo Eduardo Sá vai mais longe: “quem não lê não sabe pensar, nem interpretar aquilo que sente.”

A partir de que idade?
O mais cedo possível. “Uma das chaves do sucesso é a leitura antes da aprendizagem”, garante Isabel Festas. “A leitura feita pelo adulto.” No entanto, não vale a pena tentar pôr os miúdos a ler antes dos primeiros anos de escolaridade. “Existe uma epidemia atípica em Portugal”, comenta Eduardo Sá. “Os pais acham que as crianças devem ser todas sobredotadas.” No final do 2.º ano, avança Dulce Gonçalves, “devem ser capazes de ler cerca de 60 palavras por minuto”.

Como podem os pais motivá-las?
Primeiro, lendo-lhes histórias. “O importante para as crianças é verem o brilho nos olhos de quem conta”, diz Eduardo Sá. Ao mesmo tempo, é preciso deixá-las folhear, brincar com o livro. Quando já sabem ler, deve-se optar pela leitura partilhada. “Ora lês tu, ora leio eu”, diz Dulce Gonçalves. Pode fazer-se da leitura um jogo, antecipar o final. “E depois ler e confirmar quem adivinhou ou descobriu”, avança a psicóloga. Nos adolescentes, as regras são outras. “É preciso provocá-los, desafiá-los”, avança. Um exemplo: um livro proibido. Os próprios pais têm de dar o exemplo. “Na infância aprendemos quase tudo por observação.”

O que não devem os pais fazer?
“O pior é dar a leitura como óleo de fígado de bacalhau”, começa Eduardo Sá. Ou seja, confundir o prazer com uma tarefa escolar. Os pais “não devem ter a preocupação de avaliar o entendimento que a criança tem do que leu”, sublinha Isabel Festas. Nem, acrescenta o psicólogo, obrigar os filhos a ler obras que não lhes agradem só porque são referências literárias. Importante é perceberem os interesses dos filhos e a partir daí seleccionar as leituras.

Existem livros desaconselhados?
“Aqueles que pareçam repetitivos, obrigatórios, com os quais não sentimos afinidade ou empatia”, adianta Dulce Gonçalves. Isabel Festas acrescenta: versões simplificadas de clássicos. Ao tentarem facilitar a leitura retiram à obra as características literárias mais prazenteiras.

Onde posso ler mais sobre este tema?
“Como um Romance”, Daniel Pennac (Edições ASA)


2 comentários:

  1. Ler é fundamental! Leiam com os vossos filhos, vão com eles às Bibliotecas... Visitem a Biblioteca Almeida garrett. É um local muito agradável.

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  2. Garrett é com letra maiúscula. É o que dá responder às tantas da noite...

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